sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Teoria do caos



“Nada de apocalipse ou armagedom. O caos é aqui e agora, em suas várias formas.”

O mundo contemporâneo é desespero. As pessoas estão cada vez mais distantes de si mesmas, dos outros , dos valores e de tudo aquilo que os fazem humanos. Mas o que é ser humano?

A realidade é doentia. Prédios amontoados, favelas amontoadas, feito vômitos. Nascemos programados para amar o dinheiro e buscá-los insaciavelmente. Pra quê?

“Morte e destruição”: é esse o nosso lema. Gostamos de degradação, de ferir, de sentir ódio e pecar. Não adianta esconder: tudo isso nos fascina. E continuará fascinando até que ocorra o apocalipse. Aliás, o apocalipse que cito aqui não é aquele da bíblia ou de evangelhos apócrifos, nada de armagedon. Nós destruiremos a tudo com o nosso egoísmo somado ao egoísmo de quem detém o real poder. No final das contas, não somos nada mais que gado.

Estamos supostamente protegidos por estarmos longe dos cortiços, e não termos que nos deparar com a realidade desoladora a cada dia. As ruelas fedem a lixo e esgoto podre. Os becos têm o mau cheiro da perversão. Sabemos disso, mas o contexto desolador “não nos diz respeito”?!

Não passamos de ratos escrotos, vazios e focados no dia a dia impassível. É muito fácil desligar a tv quando o conteúdo começa a afetar, quando começa a exigir raciocínio ou contém cenas ‘fortes’. Claro, nosso conforto é a ignorância sempre, é o nosso subterfúgio. Fingimos odiar o caos e a dor alheia. Dizemos odiar tantas coisas as quais somos indiferentes. Somos mesmo escrotos imundos em uma merda de mundo que construímos a fim de destruir. Somos assim, é a nossa natureza.

No mundo urbano impera o caos, permeado de sujeiras ocultas, que não vemos por não desejarmos ver o desagradável nunca. Lembremos que o passado não exime o presente. Mesmo porque conceito de campos de concentrações e resquícios de ideologias prevalece sob nossos olhos. Os campos de concentração e suas atrocidades são hoje um mito cujo fato de ser é bem implícito, mas podemos subentender: judeus têm dinheiro. É isso. Alguém liga para as situações insípidas que vivem os africanos e os árabes? Pois é, a guerra e a fome estão estampadas nas manchetes que descartamos dia após dia. Mais crimes que assistimos sem mobilização o que, automaticamente, significa assentir. Não quero jogar na cara de ninguém a culpa, apenas exibir o meu ponto de vista da realidade caótica em que vivemos. Quero apenas me expurgar da minha própria culpa e voltar ao consolo habitual da vida cotidiana. Como, aliás, você fará após terminar essa leitura.

O caos está no prosaísmo. Naqueles programas de televisão em que mostram a desgraça alheia com o intuito de arrancar risadas. Na vulgaridade exacerbada, no preconceito, na miséria que se contrapõe a fartura; está no desprezo, no descaso social e ecológico e no desperdício. O caos é poluição sonora e visual, é a má condição de vida, o esgoto a céu aberto e todo tipo de insipiência. É o buraco na camada de ozônio que se acentua, o derretimento de geleiras e construção de hidrelétricas. O caos sou eu e você.

Os animais que somos...



Originalmente de Caos A.d um conto feito por mim em http://www.surrealismotrash.blogspot.com

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